31 de janeiro de 2011

Por toda parte

Procuro um poema
algum verso perdido
no vão entre o dedo e a unha,
entre o sim e senão
um verso amanhecido
do outro lado da rua,
no meio fio
nos pés frios
de ar condicionado
ou solidão.
Procuro
nas coisas sem importância
- as mais importantes -
em impressões
distorcidas e digitais
em diálogos de metafísicas
substâncias.
Procuro
nos espelhos
e no que eles refletem
no escuro das platônicas ideias
no claro das minhas próprias

Procuro
procuro
procuro

e só sinto só
a cabeça dolorida
nesses dias de garganta
e coração inflamados

3 comentários:

  1. às vezes o mais óbvio está a nossa frente.

    ótima poesia.

    até.
    bjo, bjo, bjo...

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  2. (...)de ar condicionado
    ou solidão.


    Sabe que já usei essa combinação antes? Muito bom, nunca pare de procurar, se necessário for descanse, mas nunca termine a busca antes de encontrar o poema.

    Abraços,
    Caju.

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  3. Uma busca interminável, até involuntária, mesmo como um sonambulismo. Sem guias? Com pistas? Dante começou pelo o inferno, mas chegou ao...

    Abraço.

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